13/04/2015

Piloto-automático


Tinha um casal no ônibus com carrinho de bebê próximo da porta. Uma criança de uns quatro meses, no máximo. O ônibus era um desses modelos mais antigos, uma carcaça montada sobre um chassi de caminhão. O casal deu sinal para descer no ponto do viaduto Washington Luís. O ônibus parou e as portas se abriram. O homem desceu na frente. A mulher empurrou o carrinho até a beirada e o homem pegou na ponta do carrinho. Subiram três pessoas, apressadas. E de repente o motorista fechou a porta. Mas o casal ainda estava descendo o carrinho. Houve uma gritaria generalizada e a porta chegou a encostar no carrinho e começou a apertar. Mas o motorista viu o erro e abriu outra vez a porta. Foi por pouco.


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Domingo passado fomos almoçar na casa do meu sogro. Não tinha sol. Chuviscava. Era mais ou menos 13h. Numa travessa da Sabará, havia um homem e uma mulher na esquina vestindo uma faixa: 90m², 3 vagas de garagem, últimas unidades. Deixa eu repetir: eles não estavam segurando a faixa, eles eram a faixa. Duas camisetas coladas e esticadas numa seta gigante. Como irmão siameses de borracha. O homem fumava um cigarro. A mulher usava um fone de ouvido. Finalmente entendi o sentido da palavra desumanização.