Foi num sábado.
E sábado, além da cerveja, da cachaça, da travessa de torresmo ou de mandioca, havia o olhar de esperança no rumo do ponto de ônibus, na ponta da praça.
Esperança de que aparecesse alguma mulher diferente daquela meia dúzia de mulheres que a gente já tinha decorado todas as pintas e dobrinhas das costelas. Diferente dessas meninas que a gente viu correr de nariz escorrendo e pés descalços. Tomar bomba em matemática na sétima série, cair de bicicleta e vomitar de fora da boate. Ser coroada na igreja, tocar lira na Fanfarra, empelotadas e bocejando nos pelotões de Sete de Setembro.
Primeira comunhão, primeiro beijo.
E trocar o perfume Thaty por alguma fragrância Boticário. Às vezes, se casar e se separar. Parir e tirar filhos. Ir embora cursar faculdade nalgum lugar distante. Algumas voltavam formadas, ou com o maridão obscuro ao volante do carro de vidros fechados. Outras, vinham sozinhas empunhado o queixo contra vento venci na vida e vocês ainda estão aqui nessa vidinha male ou meno?. A maioria, claro, sumiu sem dar explicação, como tudo nessa vida.
Mas acontece que essas mulheres, que a gente nunca deixou de chamar de meninas (mesmo quando fala mulheres), são quase nossas irmãs. Sabemos tudo sobre elas. Elas sabem tudo sobre a gente.
Mas acontece que essas mulheres, que a gente nunca deixou de chamar de meninas (mesmo quando fala mulheres), são quase nossas irmãs. Sabemos tudo sobre elas. Elas sabem tudo sobre a gente.
Não dá liga.
Restava esperar. A ponta da praça. Encarar aquele ônibus à espera de um novo messias de saia.
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