1) A árvore da vida (The Tree of Life, 2011), de Terrence Malick, é um filme que dialoga diretamente com o livro
de Jó. Já na epígrafe, nos deparamos com um recorte do cap. 38. O cap. 38, é composto por um longo poema, é a primeira resposta de Deus a Jó. Até ali, Jó
está emparedado no silêncio de Deus, com o corpo cheio de feridas, indagado
pela mulher: “Persistes ainda em tua integridade?”. E Deus calado. Mudo. Indiferente. A postura de Jó
diante do sofrimento é a contemplação: se aceitamos o bem que Deus nos dá,
por que não deveríamos aceitar o mal? (Deus oferta o mal?) Todavia, quando
finalmente vem a resposta de Deus, composta por uma série de perguntas, longe
de esclarecer a Jó sobre a razão de seu sofrimento (sobre a questão ontológica
do sofrimento no mundo), a resposta desvela um mistério ainda maior. Um abismo que aponta
para insignificância da existência humana, do estar no mundo. E nesse ponto, é
Jó quem se cala. Sem sombra de dúvidas, um dos textos mais misteriosos, belos e
fascinante das escrituras.
3) Tudo vai acabar, não importa o
que você faça ou como tente evitar. Não temos para onde fugir. É disso que o
padre nos fala (nos lembra). Acho que, em certa medida, o padre aponta para visão de Kierkegaard.
Não dá para ancorar a existência na fruição estética, inventariar prazeres, porque
essas coisas são efêmeras. Tampouco dá para ancorar-se em valores morais, no dever para com as ideias gerais. A única saída é saltar no Absurdo, afinar o coração no eterno. A transcendência.
4) Eu lhe dei um murro na cara sem motivo. O que mais agradou no filme (além do uso fabuloso dos monólogos, da fotografia exuberante, da narrativa fragmentada), é a
possibilidade que Malick nos dá de pensar o laço entre pai e filho (Por que ele nos machuca, o nosso pai?), em relação aos laços das personagens com Deus (Onde estava tu?). É como se a paternidade fosse um castigo
a ser espalhado.
5) De resto, penso que: se em Melancholia (Lars von Trier, 2011) a constatação da existência como mal aponta para o desaparecimento como única saída viável, em A árvore da vida a constatação é: o homem não é a causa (única causa) do mal e do sofrimento (uma ideia mais ou menos cristalizada). Se existe algo de bom no mundo (a Natureza, Deus, o Universo são indiferentes e fechados em si mesmos), o homem é a única causa desse bem. Precário, frágil. E fadado ao fracasso, claro.
5) De resto, penso que: se em Melancholia (Lars von Trier, 2011) a constatação da existência como mal aponta para o desaparecimento como única saída viável, em A árvore da vida a constatação é: o homem não é a causa (única causa) do mal e do sofrimento (uma ideia mais ou menos cristalizada). Se existe algo de bom no mundo (a Natureza, Deus, o Universo são indiferentes e fechados em si mesmos), o homem é a única causa desse bem. Precário, frágil. E fadado ao fracasso, claro.
Cara, pra combinar com este post:
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=SGQCX6xzX44&ob=av2e
Cara! Muito bom! Nem sei o que dizer, mas quando a gente gosta realmente de alguma coisa a gente precisa comentar.
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