20/08/2012

A arte de encontrar uma vaga para estacionar



"Só tinha se dado conta naquele momento de que encontrar uma vaga para estacionar o carro seria um problema. Durante os vinte e cinco minutos seguintes, Louis e Renée passaram pelo prédio de Peter Stoorhuys oito vezes. O trânsito estava intenso e anormal, os carros se arrastando pelos quarteirões aburguesados num cakewall invertido, todos esperando que um espaço vagasse. Louis dava voltas e mais voltas, a cada uma delas se afastando cada vez mais do prédio de Peter. Ignorava vagas que lhe pareciam distantes demais e depois, quando voltava a elas com uma ideia mais bem informada de seu valor, elas já tinham sido ocupadas. (Era como aprender da forma mais difícil em que momentos comprar ações da Bolsa.) Tentava fazer o carro entrar em vagas que ele já sabia que eram pequenas demais. Metia o pé no freio quando passava em frente a hidrantes e em seguida metia o pé no acelerador. Furou sinais vermelhos. E quando, mais perto das dez horas do que das nove, encontrou uma vaga livre a um quarteirão do prédio de Peter, quase ficou desconfiado demais para pegá-la. Três carros na frente dele haviam passado por ela com o júbilo dos insiders. Não parecia haver nenhum hidrante, nem entrada de garagem, nem placa informando ser a vaga exclusiva do morador, e, embora devesse ter acabado de aparecer, o espaço de alguma forma não parecia fresco. Louis entrou de ré na vaga, franzindo o cenho ressabiado, como um tigre na floresta faria se encontrasse uma picanha crua embrulhada em papel encerrado. Seu quadril estava molhado do suor que tinha escorrido de suas axilas.


'Parecia boa a festa lá' ".


Jonathan Franzen, Tremor. Tradução: Sonia Morreira. Companhia das Letras, 2012. p. 136-137

Um comentário:

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