Mesmo quem não saca nada ou muito
pouco de fotografia, como é meu caso, já deve ter ouvido falar do Sebastião
Salgado, essa grande celebridade do universo monumental dos obturadores
abertos, do preto e branco em alto contraste.
Eu particularmente gosto mais dos
registros cotidianos, menos exóticos e retumbantes, como do Lartigue. Mas tenho que confessar
que vale a pena tirar um tempo e ir visitar a exposição Gênesis, no SESC Belenzinho.
As 245 fotografias são resultado
de oito anos de pesquisa e de viagens aos recantos mais inóspitos do mundo. Espécie
de Indiana Jones místico e com uma câmera na mão, Sebastião Salgado declarou em entrevistas que o seu objetivo era captar locais e seres na terra que ainda estariam intocáveis, como no dia do Gênesis. A tartaruga gigante de Galápagos, o namoro de um casal de albatrozes no arquipélago Willis, o incrível homem
lama de dedos de bambu, dançando aos pés de uma cachoeira na Papua Nova Guiné, e, claro, a divertida corrida de Pinguins-de-barbicha
nas ilhas Sandwich estão entre os destaques.
Mas se de repente você se sentir
em uma aula de geografia – diante de um documentário preto e branco da National
Geographic – não se preocupe. Basta pensar que o aspecto mais interessante
dessa obra talvez esteja além das fotografias concretas, expostas em belos painéis. Talvez
o mais instigante seja vislumbrar o processo criativo, a trajetória do artista.
Imaginar a jornada, aos poucos, ao longo de oitos anos.
Esse aspecto, a meu ver, merecia um
registro à parte.