Faz uns dez anos mais ou menos. Não sei muito bem o que o gatinho tinha. Estava apenas amuado. Eu ia lá e colocava comida, água, ração. Tentava brincar com ele, mas ele parecia imune a qualquer afeto. Desistiu de arranhar os troncos. De perseguir as galinhas. E tinha até parado de beber os ovos lá no ninho. Então, assim do nada, sumiu. Procurei por toda parte e não havia nem sinal.
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Uns quatro dias depois, meu pai foi até a horta, lá debaixo de casa, pra arrancar umas mandiocas. E mexendo numa moita lá no fundo, encontrou o gatinho: morto.
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Invejo essa dignidade dos gatos. Não choramingam. Não vão lá lamber os pés do dono pra pedir ajuda, ou sinalizar que não dão conta daquilo sozinhos. Simplesmente se afastam, procuram um lugar escondido. Afastam-se dos olhares de piedade daqueles que os amam. Ajeitam-se numa moitinha de capim, acompanhados apenas da escuridão. E completamente sozinhos (como se soubessem de alguma coisa que nós não entendemos), se entregam ao silêncio derradeiro, com a maior dignidade do mundo.
Talvez este gato não fosse realmente um gato, mas um sábio disfarçado...
ResponderExcluirAbraço! =D
Ah, quem nunca teve um gatinho não sabe o que é ser feliz!
ResponderExcluirDois dos meus gatinhos foram envenenados e sumiram para morrer...deu uma agonia...se soubessemos teriamos tido como salvar os dois,mas eles sumiram..que triste foi..mas gatos são assim, tem dignidade mesmo!