28/06/2011

Fruição do presente.



"Como se tivéssemos largado a torneira aberta. Por dias. Semanas. Ouvindo a água pingando. Batendo na louça, dentro da pia; no ralo, durante a madrugada. Mas como se tivéssemos tido preguiça de nos levantar da cama. De deixar o quente das cobertas. Tirar a cabeça do amassado do travesseiro. De calçar os chinelos e andar até a cozinha para dar mais meio giro. Apenas metade de uma outra volta que acabaria com o ruído. Com o gasto de água. Com o barulho dos pingos batendo na louça. No canto do prato. Na ponta da faca. No ralo, de madrugada. Vazamento esvaziando o reservatório por descaso. Litros e litros pelo cano por nossa culpa. Não, não foi de repente. Não foi surpresa. Nosso amor secou aos poucos, gota a gota. E nós ouvimos todos os pingos."

Eduardo Baszczyn, Desamores, 7Letras, 2007. p. 7

Um comentário:

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    Mon francais n'est pas tres bon, je suis de l'Allemagne.

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oi.