Tem dias que o dia amanhece como se não tivesse amanhecido, apesar da luminosidade excessiva, barulhos do vizinho à esquerda debruçado sobre a máquina de lavar; do vizinho à direita com o rádio ligado no último volume. Nesses dias em que o dia amanhece como que disfarçado, como se escondesse alguma coisa, ele se cala, observando a fumaça vazando do copo de café, o gosto de cigarro nos lábios, se cala contemplando o sol varrer as pastagens de um verde desbotado naquela serra, limpar a sombra das copas das árvores; se cala contemplando o sol, centenas de milhares de quilômetros de distância num contínuo processo de autodestruição; se cala diante do sol, como se o sol pudesse oferecer resposta àquela pergunta, que ele, ali, com o copo de café, ouvindo a sinfonia dos vizinhos, diante do dia que amanhece sem amanhecer, é incapaz de formular.
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Tem dia que o dia amanhece e nem parece que estamos ali.
ResponderExcluirAs sombras são estranhas, parecem monstros saindo do armário...
tem dias que o sol deixa tudo tão calro, que...
ahh!! vamos ali viver um cadinho?
Deixa ai as palavras... quando a gente voltar as pega de novo...