03/11/2010

The Walking Dead

Acompanhar seriados é sempre frustante.

Lost, por exemplo; a frustração foi tanta que nem vi a última temporada. Desânimo total.

Carnivàle, uma série com um Q de realismo fantástico e pequenos absurdos; com personagens que transcendem a trama principal (luta arquetípica de um suposto bem com um suposto mal; mas definida por uma linha tênue; em alguns momentos da série assume tons deliciosamente confusos), foi simplesmente abortada. Uma pena.

Porque as personagens em Carnivàle são fortes tanto no nível da estética estranha (tristes figuras circenses vagando pelo interior dos EUA dos anos 30 em plena Grande Depressão), como na complexidade, nos conflitos humanos, que são bem viscerais: triângulo amoroso, inveja, ciúme, solidariedade, desapego, esperança, ganância, fé, sede de poder, manipulação, submissão, precariedade da condição humana. E o mais importante, ocorre aquele necessário movimento de transformação interna. Começam A e terminam B. Mesmo os secundários, são cativantes. Talvez o Irmão Justin seja o mais plano, porque a partir da "jornada espiritual" ele meio que estanca, as dúvidas e vacilações desaparecem. Talvez, claro, porque a partir daquele momento o Irmão Justin assume um tom mais fabular, meio épico. Enfim, sou um entusiasta de Carnivàle. Acontece que tudo vinha  mais ou menos agradável, então, baixaram um decreto e aceleraram o fim da séria na segunda temporada;  a despeito da resolução da trama, que foi acelerada, as personagens se planificaram e pronto: raiva eterna.

Via também episódios esporádicos de Six Feet Under, depois desanimei. Lembro vagamente de alguma coisa.*

Fora isso, vejo um ou outro episódio de Nip/Tuck. E só por acaso, aliás; se me perguntar qual é o dia que passa, horário, em que temporada está? não faço a mínima idéia. House, Dexter e os infinitos CSI's? Nenhum episódio conseguiu prender minha atenção por mais de cinco minutos.

E nesse contexto de total desânimo com séries, me dispus a assistir The walking dead

Por que?

Não, não li a HQ que inspira o seriado. Não sou fã incondicional da cultura zumbi, embora saudosista de  alguns poucos filmes como The night of the living dead (remake de 1990), Re-animator, The serpent and the rainbow, Resident evil ( o jogo, já que os filmes são lamentáveis). Por que, então?

Resolvi arriscar; apesar de saber que a decepção é inevitável.

Primeiro episódio:

Rick é ferido num tiroteio e vai parar num hospital, fica em coma; quando acorda, a cidade está destruída e cheia de zumbis. Rick volta pra casa e não encontra sua esposa; encontra outros dois sobreviventes, pai e filho e que, de forma meio confusa, explicam o que aconteceu. Além disso, contam que há uma suposta colônia de resistência em Atlanta; comida, abrigo, armas, etc. Rick parte para Atlanta em busca da esposa (ele acredita que ela está viva, porque encontra pistas da partida de Lori na casa, as fotos sumiram). Para além do clima apocalíptico, das ruas desertas, tiros na cabeça dos zumbis, ficou evidente que, num primeiro momento, a narrativa vai se guiar nessa busca pela esposa e o filho, meio que uma Odisséia só que sem uma Ítaca geograficamente definida; pois, logo de cara, Rick descobre que Atlanta não é um lugar seguro.

Bom, enquanto o policial Rick permanecia desacordado no hospital, seu parceiro, o policial Shane, acabou tomando conta de Lori, (a esposa) e Carl (o filho de Rick). Se por um lado isso garantiu à sobrevivência da esposa, por outro, criou mais um conflito: Shane, o amigo de Rick, tem cuidado muito bem de Lori. E claro, suponho que Rick irá encontrá-los alguns episódios à frente.

O episódio termina com uma mensagem de rádio, deixando claro o encontro de Rick com outros sobreviventes; é o gancho do segundo episódio.

Nos episódios futuros, suponho que a trama deve girar no eixo de fugir para algum lugar seguro e, muito possivelmente, aparecer uma cura, vacina, algo assim.

Fora alguns pequenos problemas de verossimilhança[sic] nos zumbis (abrir portas, parece que no segundo vão jogar pedras), o primeiro episódio de The walking dead é bom.

Entretanto, temo que a série se perca em muitos episódios soltos, enrolação vazia, sem relação com a trama principal ou conflitos das personagens. Porque, no fim das contas, qualquer série, pra mim, é decepção  garantida. Principalmente essas que eu gosto no começo, assim como gostei de The walking dead.

Mas vou ver. Por que? bom, é uma das raras chances de ver zumbis na televisão fora do horário eleitoral.

*******


*Oz também era algo legal, mas so vi episódios esporádicos. Quanto à The big bang theory e Monk é como ver os Trapalhões ou Chaves.

5 comentários:

  1. Esse negócio de zumbis é uma porcaria!!!!!!!!! tudo bem que o Romero fez um subtexto social pros filmes dele. Mas, cara, como assim? Subtexto social é muita covardia, né não? Algo bem inútil! Ao invés de subtexto social devia fazer era trabalho social.
    Acho bobagem esse treco de zumbi engajado.

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  2. Meu interesse por séries é diretamente proporcional ao meu desejo por alienação ligeira. Por isso, as mais 'bárbaras' (rs) conseguem até me prender - ainda que, no dia seguinte, eu não lembre muito bem o que eu vi. Não sei se é mal, mas ligar a tv, para mim, suprime já a possibilidade de encontrar algo interessante, ou não-frustrante. Creio que entro na 'dinâmica'.
    Mas, quando vi a chamada de 'The wlaking dead' me revirei por completo, porque meu limite de aceitação para antes de chegar aos zumbis..., rs.
    Boa sorte aí assistindo!

    Abç,

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  3. E isso, Anônimo, salve o planeta. Tenho por política aceitar todos os comentários desde que não tenha pedofila ou baixaria extrema. Acho massa essas manifestações de furor social em caixas de comentários no mínimo, interessante.



    Bruna, perdi essa "dinâmica"; já há algum tempo não consigo essa submersão.
    Contudo, American Dad e filmes do Eddie Murphy me arrancam boas risadas.
    abraços

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  4. Vinícius:

    Aqui em Manaus Nip/tuck é interrompida na cara dura pelas pregações do R.R soares. já pensei mandar vídeo-reclamação pro Silvio Santos.

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oi.