“A frieza ocorre na ficção sempre que o autor, por meio de um lapso qualquer de autocomplacência, se revela menos ocupado com suas personagens do que deveria... A rigor, a frieza caracteriza o escritor que apresenta informações e não desenvolve – não as trata com a atenção e a gravidade merecidas. Ampliaria o termo a aplicá-lo também a uma insensibilidade maior: a incapacidade do escritor em reconhecer, antes de mais nada, a seriedade das coisas; ao escritor que se afasta dos verdadeiros sentimentos, ou vê apenas o superficial num conjuntos de vontades, ou nada sabe a respeito do amor, da beleza, do sofrimento, exceto o que alguém poderia apresentar com um texto cartão-postal. Com o sentindo assim ampliado, a frieza parece uma das falhas mais evidentes na literatura e na arte contemporâneas. É a frieza que às vezes leva o escritor a remendar a forma de modo cada vez mais obsessivo; que leva os críticos a aderir a linhas de crítica que demonstram cada vez menos interesse na personagem, na ação e nas idéias explícitas da história... a frieza é, em suma, uma das piores falhas na literatura”.
Jonh Gardner, The art of fiction, p. 177 In: Oficina de escritores: manual para a arte da ficção, Stephen Koch. Tradução de Marcelo Dias Almada (Editora Martins Fontes: 2008) p. 177.
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“Você vem fazendo grandes progressos, mas permita-me repetir-lhe um conselho: escreva com mais frieza. Quanto mais a situação é sentimental, tanto mais frieza é necessária para escrever, e o resultado é mais sentimental. Não convém açucarar.”
Anton Tchékhov, em carta a Lídia Avílova, Moscou, 1º de março de 1893 Sem trama e sem final: 99 conselhos de escrita. Tradução de Homero Freitas de Andrade (Editora Martins Fontes, 2007) p. 80.
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