São treze minutos sem diálogos na abertura do filme. Um homem sozinho cavando um poço. Pancadas de picareta, metal contra pedra, balde, carretilha. Uma explosão de dinamite, às vezes o vento que sopra. Os murmúrios, a respiração bestializada de um homem no fundo do poço. Um homem sozinho, cavando. Está tudo aí. Por vezes, a trilha estupenda de Jonny Greenwood sussurra, ganha vigor, estoura, desaparece, chia, conduz. O homem se arrasta. Outros homens. Agora, dois homens no fundo do poço. Falta ar no fundo do poço. Mas não, não se falam. A criança chora. Mais e mais homens. Mas não, ninguém se fala. O trabalho continua. O silêncio que sufoca. Um homem morre e mesmo assim ninguém se fala. O bebê chora. O pai tenta calá-lo. Silêncio.
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O filho fica surdo depois de um acidente. E é a surdez do filho que, ao mesmo tempo em que o afasta, o protege das palavras do pai. O distingue do pai. O silêncio é o escudo protetor.
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"Você nunca foi nada além de um bastardo abandonado numa cesta no meio do deserto”, diz o pai, Daniel Plainview, ao filho surdo. A cena vem ao final do filme, depois de uma lacuna de pelo menos uma década [aberta depois da cena do restaurante/bar, onde o Sr. Plainview havia se reconciliado com o filho, depois de tê-lo abandonado]. A fala do Sr. Plainview é de um rancor terrível. Quer arrancar palavras do filho, apenas para rejeitá-las. Mas, a essa altura, o filho está longe o suficiente para não ouvir o pai. O silêncio o fortaleceu. O silêncio o libertou.
esses minutos iniciais do filme, são do caralho!!! já nos mostra a que veio. o final, tb me é inesquecível... "I drink your milkshake", e acerta o cara na cabeça! fu di do
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