Head (1948), Francis Bacon |
Não sei
bem quando começou. Mas é sempre o mesmo sonho. A bem da
verdade, o enredo do sonho costuma variar, mas a paisagem [o clima, ou a atmosfera], é sempre igual. Cacos de telhas,
estilhaços de construções de tijolos de adobe, ruas estreitas, às
vezes de pedra, noutras vezes, cascalho escuro, ou terra batida meio
que coberta por fuligem, cacos de telhas escuras e tijolos jogados no
chão. As ripas podres e o fedor [sim, há odor nesses sonhos], o
fedor de fezes de pombos, às vezes uns esqueletos de pombos, fedor
de penas, lascas de asas.
O clima [embora o enredo varie], é ter que sair daquele lugar. Muitas vezes
começa dentro de uma igreja, aos cacos, imagens de santos aos cacos. Noutras vezes, começa numa praça labiríntica, com estátuas escuras,
vielas e muretas de pedras escuras na altura da cabeça, abarrotada de
gente estranha, vestida para algum tipo de festa. Fora essa multidão que costuma aparecer uma vez ou outra, não há ninguém.
Vou seguindo por aquelas ruas. À medida que avanço
vou me deparando com as ruínas de casarões antigos, janelas caídas,
mais e mais igrejas antigas, sinos estilhaçados, portas soltas encostadas nas
paredes, caibros podres despencando dos telhados destruídos, montes
de entulhos de fora a fora nas calçadas e o fedor de fezes de pombos. Como se aquele
lugar tivesse sido bombardeado [Tiradentes apodrecida, é o que parece], mas não penso nisso durante o sonho. Penso depois.
No momento do sonho, eu apenas contemplo aquelas ruínas e vou
seguindo, dobrando esquinas, atravessando o interior vazio das casas,
das igrejas aos cacos, tentando sair dali, sem saber o motivo. Mas
nunca consigo sair. Sempre acordo no meio do sonho.
a gente nao se conhece, mas posso te agradecer mesmo assim? E' o seguinte: por alguma razao a formatacao do seu layout casa perfeito com a tela do meu celular. Eu so preciso rolar pra baixo e nao pro lado. E isso e' otimo. Adoro seu blog. Sempre fui uma leitora silenciosa. Mas esses dias, pela falta de tempo de usar o notebook, resolvi acessar do celular. E ai descubro que eu posso, sim, conseguir gostar de ler nesses aparelhinhos. E' so ter um bom motivo. O seu blog e' um otimo motivo. Parabens.
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